Esse é um trecho da descrição no site oficial sobre quem são as mulheres que representam a PMM mas afinal, o que é ser parte da PinkMinkMafia? Como surgiu? Pra que serve?"Nós somos mulheres fortes e independentes de vários tamanhos, formas e desenhos"
Brasileiras da PMM – Pink Mink Mafia |
Essas perguntas serão respondidas a seguir mas antes vamos te contar um pouquinho da história.
A PMM foi fundada em 2006 em Los Angeles dentro da comunidade latina da Califórnia. Por nascer dentro da subcultura chola, dela tirou inspiração e criou o estilo RockAChola.
Mas o que é o estilo de vida chola? — você pergunta. Bom, antes vamos falar de um estilo que veio antes desse, o estilo pachuco.
Foi durante a década de 40 (Segunda Guerra) que os pachucos e pachucas surgiam nas ruas de Los Angeles numa época em que os EUA promoviam o patriotismo entre as classes brancas dominantes e claro, os americanos descendentes de mexicanos (e negros) não se encaixavam nesses padrões. A tensão racial era enorme com qualquer um que fosse diferente desse padrão.
Como forma de contestação e rejeição as idéias impostas nesse período, surgiram os pachucos, com chapéu estilo gangster com uma grande pena na lateral, sapatos bicolores e com seus zoot suit (que é aquela roupa amarela que o Maskára, personagem de Jim Carey usa no filme, lembra?). O terno era o maior causador de problemas para os pachucos e os mantinham ainda mais na marginalização: para fazer a roupa era necessário uma grande quantidade de tecido, o que era proibido durante a guerra, época de racionamento. Os pachucos foram então considerados anti-patrióticos. As pachucas usavam maquiagem pesada, cabelos bufantes, saias acima do joelho e até ternos como os homens (na década de 40 as mulheres ainda não usavam calça comprida como vestimenta usual), iam a festas e entravam em brigas, algo inaceitável para a época.
América do Medo é um filme de 1981 que conta a história dos pachucos nessa época, você pode assistir no Youtube, clique aqui. Na Cidade do México há um clube chamado Salon Los Angeles onde toda terça-feira pachucos se reúnem para bailar, veja um vídeo aqui.
Pachucos e Cholas. À esquerda, cena do musical "Zoot Suit" de 1981, à direita foto do Tumblr de Tania García. |
Nessa época o visual pachuca foi adaptado para um mais moderno e mais acessível para os adolescentes que usavam peças de roupas baratas compradas em super mercados locais, como calças caqui, camisetas brancas, camisa xadrez, vestimenta comum da classe trabalhadora; as meninas regatas, brincos dourados, delineador, cabelos com topetes ou franjas endurecidos com spray, bocas marcadas com lápis escuro, correntes pesadas. A roupa mudou mas o orgulho de sua descendência, família, amigos e estilo não. A essência pachuca continuou.
Em 1993 foi lançado o filme Mi Vida Loca uma produção independente que conta a história real de duas adolescentes de origem hispânica que vivem em um bairro pobre de Los Angeles e que assumem o controle de uma gangue depois da morte do namorado. Tem o filme completo no Youtube com legenda em espanhol. Esse foi o primeiro filme da carreira de Salma Hayek (Frida) e tem a participação da banda Los Lobos (Desperado).
"Look at those tattooed girls
Walking down the street
They really don’t care of what you think"
— Cherry Rat e os Gatunos
Chegamos ao estilo RockAChola que misturou tudo isso com rockabilly, psychobilly, rock'n'roll, hip-hop porque sim, o estilo tem tudo a ver com a música (ou vice-versa) desde os tempos dos pachucos. O orgulho de fazer parte da família PMM é tão grande que uma ex-integrante, Cherry Rat, brasileira radicada em Las Vegas, compôs uma música chamada Rockachola Dolls, você pode ouvir aqui. Além da música, fazer parte de um estilo subcultural tem sua vestimenta característica é aqui que começa a história da Pink Mink Mafia.
Desde 2011 brasileiras representam a PMM |
A PinkMinkMafia foi a primeira marca de roupa feminina a se transformar num grupo social, exclusivamente feminino, dentro da cultura chola, rockabilly, psychobilly, punkrock e rock and roll. Essa interação entre mulheres que compartilham a mesma visão positiva sobre a beleza, hoje é muito maior que a própria marca. São mulheres do mundo inteiro que se juntam ao grupo para promover sua individualidade e características comuns à maioria das mulheres que não fazem parte do ideal de beleza que vemos em revistas.
Elas se unem para afirmar o encanto de corpos de tamanhos e formas variadas, para colocar a mulher comum, a dona de casa, professora, mãe, tatuada, manicure, todas as mulheres no mesmo patamar das modelos de corpos padronizados e inalcançáveis: toda mulher é bonita, inteligente e sexy, muito sexy. Elas se juntam para provar que as mulheres podem tudo! E principalmente pra exaltar a mulher latina.
Latina Vamp é a fundadora da PinkMinkMafia e de acordo com ela, fazer parte desse grupo é representar orgulhosamente um estilo de vida e apoiar a revolução para quebrar os moldes genéricos impostos pela socidade atual."PMM por mi vida"
No Brasil (e em outros lugares do mundo como Japão e França) a PMM tem uma hierarquia com presidenta e vice-presidenta. Renata Pires (hoje desligada do grupo) foi a primeira PMM no Brasil e conheceu o grupo americano em 2009 pelo MySpace, dois anos depois em contato com a CEO da fundadora, Julie Palomino, passou a representar a PMM no país e recrutar outras mulheres.
A presidenta e vice, recrutam modelos através das redes sociais ou em eventos ligados ao meio, como exposições, festas, etc., como representantes cabe a elas orientar as novas integrantes sobre duas regras principais que devem ser seguidas por todas: união e respeito. Também organizam os ensaios fotográficos e contam com a ajuda das outras modelos e apoiadores para escolher local e tema dos ensaios.
As garotas PMM apoiam e tem o apoio de fotógrafos, artistas, músicos, clube de carros, bares, etc. que estão inseridos na cultura local, seguindo claro, esse lifestyle como o fotógrafo Ariclei Cordeiro que colabora com a PMM Brasil por acreditar em projetos inovadores e se sentir em família com as meninas, pra ele o grupo tem uma energia muito boa. Cleiton Teodoro outro apoiador do grupo também sente o clima família e admira a visão positiva das meninas, o apoio ao grupo vem também da identificação dele com lifestyle cholo. Além dos dois, outros supporters apoiam a crew com empréstimo de carros, organização de eventos beneficentes e idéias de ensaios fotográficos, são eles: Vebis Junior fotógrafo que já fez parte de um Moto Clube e entende a importância de irmandades como essa, Grilão DGL, Diorandi Nagao, Anne Oliveira, Valentim Medeiros Jr, entre outros. Quem tiver interesse em apoiar o grupo, basta entrar em contato pela página oficial no Facebook: Pink Mink Mafia Brasil.
Primeiro: você tem que se identificar com a proposta da PMM e isso é muito mais do que usar roupas no estilo chola, você tem que ter em mente que vai fazer parte de uma família e uma família se faz com união e respeito. E pra tudo funcionar é necessário comprometimento, você deve ter disponibilidade para estar junto com as outras modelos para ensaios fotográficos, para participar de encontros e eventos voltados a cultura low rider, hot rods e motorcycle que fazem parte da divulgação do grupo. As meninas garantem que são momentos muito divertidos. A maioria das PMMs vivem em São Paulo mas se você é de outro estado é muito bem vinda. O processo de seleção é simples, entre em contato através da página do grupo no Facebook para receber instruções. As candidatas passam primeiro por uma seleção e tornam-se Modelo Prospect e depois Modelos Oficiais.Como se tornar uma modelo PMM?
Você também pode apoiar a PMM Brasil de várias maneiras bem simples: divulgue essa matéria para mais pessoas conhecerem o grupo, compartilhe fotos das modelos no seu Facebook, Instagram ou Twitter, indique pessoas que possam contribuir como por exemplo, aquele seu conhecido que tem um bar temático, apresente a PMM a ele, quem sabe rola uma parceria de locação para futuros ensaios, as meninas divulgam o local com fotos profissionais e elas ganham uma nova locação. Você pode fazer parte com gestos simples como estes.
Mulherada orgulho nacional! |
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